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quarta-feira, maio 24, 2006

Nunca te Perdi







NUNCA TE PERDI

Nunca fui um herói,
Nunca soube voar, e por trás dos meus olhos uns olhos serenos de mar, que te vêem fundo no mundo e em todo o lugar.
Sou memória de ti, tu és poema e arara.
Eu sou a sombra da fera que espera ou a voz do Guevara.
Sou o silêncio que canto e te espanta e que nunca te agarra.
Deixa a minha mão, guiar o teu caminho, não é a solidão que faz um homem sozinho, é a paz na dor que sei de cor, e o teu sabor no céu que é meu, e onde grito:
Eu nunca te perdi,
e nunca te deixei,
eu nunca te esqueci,
em ti eu repousei,
eu nunca te perdi,
e nunca te deixei,
eu nunca te esqueci,
por ti eu despertei.

Eu nunca te perdi.

Eu já não sou o mesmo, não sou mais o mágico que te encantou, que te levou ao deserto, tão perto daquilo que sou, que te fez forte e rio e mar que agora secou.
Eu já não sou eterno, sou mais uma página do teu caderno rasgada e arrancada à força do vento,
tantas vezes escrita no carinho do tempo, e as noites perdidas que dizias que não, janelas fechadas a esconder a razão...
Deixa o meu olhar ser luz na tua estrada, não é ao acordar que o sonho é madrugada, é a paz na dor que sei de core o teu sabor no céu que é meu e onde grito.
(Pedro Abrunhosa)

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